A lotação rotacionada é um sistema no qual a pastagem é subdividida em piquetes, que são pastejados por um ou mais lotes de animais. Entretanto, a rotação não necessariamente aconteça sentido horário, mas sim com base na altura de entrada definida. Sendo assim, difere do pastejo contínuo e extensivo, nos quais os animais permanecem na mesma pastagem por um longo período de tempo (meses), e do pastejo alternado, no qual a pastagem é dividida em dois piquetes, que são pastejados alternadamente.
Devido ao advento das cercas eletrificadas, tornou-se muito mais fácil e barato a implementação do pastejo rotacionado nas fazendas, sendo suas características principais o fornecimento da alimentação para o gado de forma regular e nutritiva durante o ano todo; consequente aumento do rendimento forrageiro por área; e redução da degradação e conservação da fertilidade do solo.
Caso tenha interesse de realizar a implantação da lotação rotacionada, mas não sabe como, confira este conteúdo que abordará sobre:
1.Antes de implantar, quais decisões devo tomar?
2.Como devo realizar o manejo?
3.Ajuste de lotação no sistema período de ocupação e pastejo
4.Exemplo prático
5.Considerações
Antes de implantar, quais decisões devo tomar?
Para um melhor aproveitamento do sistema devemos pensar então na escolha da melhor espécie forrageira. Vale lembrar que não há uma planta forrageira mágica, muito menos uma forrageira padrão para ser utilizada em qualquer sistema.
Além disso, a forrageira não pode ser escolhida apenas levando em conta a sua composição química, visto que não há tanta diferença nutricional como observado no trabalho abaixo:
A forrageira a ser utilizada deve ser definida se atentando aos seguintes fatores:
- Clima da propriedade (forrageiras mais resistentes ao frio ou ao calor, pluviosidade, incidência solar, entre outros);
- Tipo de solo, vide quadro abaixo, é realizado o agrupamento das gramíneas e classificas de mais exigente (Grupo 1) para menos exigente (Grupo 3)
Como devo realizar o manejo?
Após definida a forrageira a ser utilizada deve-se definir mais um ponto importante no sistema: a altura de entrada e a altura de saída do piquete, o que determinará os dias de descanso de cada piquete.
Adotar períodos de descanso fixo pode não ser efetivo uma vez que vários fatores podem alterar o período de descanso como: disponibilidade de luz, pluviosidade, adubação, etc. Por exemplo: Com um período fixo de descanso, faltará forrageira no inverno (superpastejo) e sobrará forrageira no verão (subpastejo). Por isso surge como alternativa a adoção da altura de entrada e saída.
Como principal ferramenta para uma maior assertividade da altura de entrada e saída do piquete deve-se utilizar a régua de manejo, que é um instrumento simples baseado na altura (cm) como orientação de manejo. Foi desenvolvida para uso com as forrageiras tropicais lançadas pela Embrapa Gado de Corte, exceção da Brachiaria Decumbens, presente em larga escala nos sistemas pecuários de produção brasileiros.
Para realizar a avaliação da pastagem, basta segurar o instrumento na posição vertical com a extremidade inferior apoiada no solo e verificar se as plantas encontram-se com altura no intervalo recomendado para pastejo. Esta verificação da altura deve ser repetida em diversos pontos, abrangendo toda a pastagem, pois o capim apresenta-se com a altura distribuída irregularmente pelo piquete.
Embora seja menos preciso, o produtor pode lançar mão da técnica de pastejo rotacionado com dias de descanso fixo para cada piquete. Para tal é necessário definir o número de piquetes.
O número de piquetes depende de dois fatores principais:
- Período de ocupação; (quantos dias os animais ficaram em cada piquete);
- Dias de descanso; (quantos dias o piquete irá ficar sem receber animais).
Segue os dias de descanso para as principais espécies forrageiras, sempre levando em conta que esse número varia de acordo com cada sistema:
O número de piquetes pode ser definido pela seguinte fórmula:
NP = PD / PO + 1
Em que:
NP: Numero de piquetes;
PD: Período de descanso;
PO: Período de ocupação.
Quanto ao tamanho dos piquetes, não existe tamanho mínimo ou máximo para cada piquete, porém recomenda-se que comprimento do lado do piquete não ultrapasse 3x o tamanho do outro para um pastejo uniforme.
Ajuste de lotação no sistema período de ocupação e pastejo
- Coleta de forragem (para determinar a quantidade de MS em cada piquete);
- Dimensionamento da área e tamanho de módulos;
- Dimensionamento da lotação animal: pressão de pastejo.
Como métodos para a coleta de forragem temos o destrutivo e a forma indireta ou não destrutiva. O destrutivo consiste em realizar amostragens (de 3 a 5) no piquete através de molduras com área conhecida, sempre evitando manchas, cortando a pastagem na área delimitada pela moldura.
Após a coleta da forragem deve-se secar o material para descobrir de fato a quantidade de MS presente na área coletada. No método indireto, se dá notas para área pastejada de 1 a 5, criando scores.
Exemplo prático
Para melhor entendimento do cálculo de lotação rotacionada animal por piquete, apresentamos o seguinte exemplo:
- Peso do Capim coletado: 500g;
- Peso do Capim (Seco): 130g;
- Matéria seca do capim: 130/500= 0,26 * 100 = 26%;
- Número de piquetes da Área: 22
- 5 amostras de capim: 8,75kg /5 = 1,75kg;
- Área do coletor: 1m²;
- Área total do pasto: 10000 m²;
- Número de piquetes: 22;
- Oferta de forragem na área total: 1,75kg/m² x 1 x 10000 m² = 17500 kg de capim/ha;
- Matéria seca do capim: 26%;
- Oferta de MS: 17500 x 26% = 4.550 kg MS/ha / 22 piquetes = 206 * 0,7; (Perdas) = 144,4 kg MS/piquete.
- Consideramos que um gado de corte come ao redor de 2% do seu peso vivo em massa seca por dia;
- Um animal de 400 kg * 2% comerá 8 kg de massa seca/dia;
Sendo assim:
- Piquete produz por dia 144,4 kg de massa seca;
Logo, 144,4kg /8 kg = 18 animais. Conclui-se que há uma lotação de 18 animais/piquete, ou 16 UA/ha.
Considerações finais
É de extrema importância a assertividade na definição da taxa de lotação rotacionada para se evitar um superpastejo ou subpastejo. O superpastejo ocorre quando se coloca uma quantidade de animais maior do que aquele piquete pode suportar, podendo faltar alimento de qualidade aos animais, além de deteriorar, “judiar” a pastagem. Já no subpastejo é colocada uma quantidade de animais abaixo do que aquele piquete suporta, acarretando em problemas de pasto passado e significando um desperdício de produção.
Na época da seca, a suplementação dos animais se torna uma alternativa, já que a rebrota da forrageira é mais lenta devido à ausência de chuvas. O ideal é quando ocorrer sobras, ter a oportunidade de realizar uma capineira.
A suplementação também poderá ser utilizada para acelerar o processo juntamente com o sistema de lotação rotacionada, utilizando estruturas como cochos nos piquetes.
Escrito por Danilo Ribeiro dos santos e Matheus Rebouças Pupo
Se identificou com o texto e acha que pode aumentar seus lucros através do sistema de lotação rotacionado? Procure um de nossos consultores!
Gostou do tema? Leia também: