A história da economia brasileira acompanha a história do café em nosso país. As raízes da cultura em território brasileiro são provenientes do século XVII, estimando que a primeira muda cultivada foi em 1727, no estado do Pará. Juntamente a isso, as pragas do café foram acompanhando a história do café no país.
Desde então, a cultura do café foi expandindo e alcançando as regiões do litoral brasileiro, Rio de Janeiro, Vale do Paraíba e diversas outras localidades do país. Foi então que, ao fim do século XIX, o Brasil tomou conta do mercado cafeeiro mundial, mantendo-se, até os dias atuais, como o maior país produtor e exportador de café, bem como segundo maior consumidor.
O Brasil conta com o cultivo de duas principais espécies: o Café Conilon (Coffea robusta) e o Café Arábica (Coffea arabica). Em busca de um cultivo mais assertivo, com maior qualidade de grãos e maior produtividade, é de suma importância tomar conhecimento sobre as pragas do café. Caso não sejam controladas, podem acarretar uma grande perda econômica.
Seguindo este contexto, para que qualquer praga do café seja controlada, é preciso, primeiramente, saber como identificá-la. Dessa forma, foram elencadas as 4 principais pragas do café, caracterizando-as como as mais conhecidas e as mais economicamente danosas para o cafezal. Essas são:
- Broca-do-café (Hypothenemus hampei);
- Bicho mineiro (Leucoptera coffeella);
- Cigarra (Cicada orni);
- Ácaro vermelho (Oligonychus ilicis).
Broca-do-Café
As brocas-do-café são pequenos besouros de coloração preta. As fêmeas medem aproximadamente 1,7 mm de comprimento e voam entre os frutos, perfurando-os e colocando seus ovos para eclodir; as larvas são as maiores responsáveis pelos danos. Os machos são um pouco menores, não voam e nem saem do fruto.
A recorrente praga ataca o fruto em qualquer estádio de maturação, gerando danos quantitativos, como a perda de peso dos grãos, já que as larvas se alimentam dos mesmos, e a queda dos frutos. Além disso, observam-se prejuízos na qualidade da bebida, somados a uma perda econômica, pois os frutos brocados são desvalorizados.
A fim de identificar o ataque dessa praga em sua produção, é preciso atentar-se à região da coroa do fruto, pois esta é perfurada pela broca. É válido, ainda, abrir os frutos afetados para observar a existência de larvas do besouro. Um cultivo menos adensado e uma colheita bem feita são os métodos de controles mais simples de serem efetuados.
Bicho-mineiro
O bicho-mineiro é uma praga do café com hábito noturno. Sua fase adulta corresponde a uma mariposa pequena, com cerca de 6,5 mm de envergadura e coloração branca-prateada. A mariposa realiza a postura dos ovos nas folhas durante a noite e se aloja na parte inferior dessas durante o dia.
Para identificar a infestação dessa praga do café, é necessário notar vazios irregulares amarelados nas folhas, semelhantes a “minas”, além de identificar a superfície inferior dessas, onde as mariposas se encontram no período diurno.
As lagartas do bicho mineiro afetam a folha do café se alimentando do parênquima paliçádico, uma região entre as duas camadas de epiderme. Assim, reduzem a taxa de fotossíntese da planta e ocasionam a queda das folhas, resultando no declínio da produtividade. Essa praga do café pode ser controlada a partir da aplicação de inseticidas.
Cigarra
A cigarra é um inseto sugador de seiva e não é exclusiva para o café. Contudo, quando presente nos cafeeiros e não manejada, pode acarretar danos à cultura. Por se alimentarem da seiva das raízes, correspondem ao enfraquecimento das plantas, ao mal aproveitamento dos nutrientes, à queda de folhas, à diminuição da produtividade e até à morte.
As fêmeas depositam seus ovos nos ramos da planta. Após eclodirem, dão origem às ninfas móveis, as quais se alimentam das seivas das raízes. Ao final desta fase, os insetos sobem o café para se alimentarem das hastes, ocasionando buracos na superfície.
Com o intuito de verificar a infestação dessa praga do café, existem alguns pontos a serem observados. Primeiramente, deve-se identificá-la pela questão sonora e visual, já que se pode notar a “cantoria” dos machos, a presença de exúvias (exoesqueleto vazio das cigarras) e, em alguns casos, até o inseto em si, pois possui em torno de 5 a 7 cm de comprimento.
É de suma importância, ainda, observar a existência de orifícios próximos às raízes, formados pela saída das ninfas do solo. Uma forma de controle é utilizar armadilhas sonoras para sua captação.
Ácaro vermelho
Por fim, o ácaro vermelho também se caracteriza como uma das principais pragas do café. É mais comum em regiões secas e ensolaradas, sendo que o período de chuvas pode diminuir sua incidência.
Para identificar a presença dessa praga do café é necessário atentar-se aos sintomas por ela causados. O principal é a coloração bronzeada das folhas, as quais perdem o brilho, diminuindo sua atividade fotossintética, o que acarreta uma perda de produtividade. Um método de controle indicado é o adensamento da produção.
Pode-se, assim, concluir que qualquer praga anteriormente citada interfere no desenvolvimento da planta em determinada fase, acarretando diminuição na produtividade e, consequentemente, redução na lucratividade com a lavoura. Dessa forma, mostra-se necessário um acompanhamento direto e boas práticas de manejo, para que maiores danos sejam evitados, otimizando a produção.
Como já citado, antes de tomar qualquer decisão sobre o método de controle das pragas do café, é preciso identificar corretamente essas pragas. Assim, pode-se agir com maior assertividade, já que o método de controle depende das pragas existentes, do sistema de manejo e da tomada de decisão do produtor.
Escrito por Lucas Naves
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