Clara Maria de Souza Brandao Fernandes
A população mundial atualmente segue em ritmo de crescimento, e com isso, maior está se tornando a demanda para alimentos e matérias primas. Por esse motivo, a busca por implantação de sistemas de produção mais sustentáveis e eficientes trouxe atenção para diversas alternativas de cultivo, dentre elas o consorciamento de culturas.
O consorciamento de culturas é um sistema alternativo à monocultura e consiste na implementação de duas ou mais culturas em conjunto, de forma a trazer benefícios para todas as espécies envolvidas. O consórcio é capaz de maximizar o espaço e otimizar a utilização dos recursos ambientais como a água. Para a implementação de um consórcio bem-sucedido, é necessário levar em consideração a localização, o tempo de maturação, os hábitos de crescimento, necessidades e fisiologia das plantas envolvidas. De maneira geral, são consorciadas aquelas culturas que se complementam de alguma forma.
Em um sistema de consórcio, é formado um ambiente único no qual as plantas cultivadas na mesma parcela interagem de forma natural. Essa interação traz consigo diversos benefícios para o ecossistema e a biodiversidade local. A variedade de espécies vegetais serve de habitat para muitos organismos diferentes, e por esse motivo, o risco de que ocorram pragas ou surtos de doenças que afetem toda a cultura ao mesmo tempo é reduzido. Existem muitos tipos de consórcio, cada um com suas vantagens predominantes.
Um exemplo é o consórcio milho + braquiária, que promove a proteção do solo e possibilidade de boa cobertura morta; ou o plantio de sorgo consorciado com braquiária, que pode diminuir infestações por plantas daninhas. Também há aqueles consórcios em que uma das plantas age como repelente natural, funcionando como alternativa manejo sustentável de pragas, como o consórcio feijão + alho francês.
Com relação à economia de recursos, há consórcios que promovem a redução na necessidade de utilização de fertilizantes, como no caso de feijão + alface por exemplo, na qual a leguminosa pode fornecer hidrogênio natural para o solo, diminuindo a necessidade da aplicação de fertilizantes.
De forma geral, muitas são as culturas favoráveis de serem implantadas em consorcio, em seguida há alguns exemplos:
| Cultura | Consórcio favorável |
| Alface | Abóbora, Aipo, Alcachofra, Alho-francês, Beterraba, Cebola, Cenoura, Couve, Couve-Flor, Ervilha, Feijão, Morango, Pepino, Picles, Rabanete, Repolho, Tomate |
| Feijão | Acelga, Aipo, Alface, Alho, Batata, Beterraba, Cenoura, Couve, Espinafre, Milho, Morango, Nabo, Pepino, Rabanete, Tomate |
| Milho | Abóbora, Alface, Ervilha, Feijão, Pepino, Tomate |
| Cebola | Beterraba, Camomila, Cenoura, Erva-Doce, Morango, Pepino, Tomate |
| Batata | Aipo, Ervilha, Espinafre, Feijão, Rabanete, Repolho |
| Couve | Acelga, Aipo, Alecrim, Alface, Alho-francês, Batata, Beterraba, Ervilha, Espinafre, Feijão |
Por fim, também há a possibilidade de utilização de consorcio de culturas em integração com a pecuária, o chamado sistema de integração lavoura-pecuária. Um exemplo disso é o Sistema Santa Fé, que consiste resumidamente no consorcio de grãos com forrageiras tropicais, que além de possibilitar produção no período normal de cultivo, pode fornecer pastagem ou silagem no período de entressafra.
Referências
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