Raquel Victoria Alkimin Monteiro
Não é novidade que o Brasil está entre os países que mais produzem e exportam alimentos, de forma geral, para o mundo. Com relação à produção e comercialização de frutíferas, isso não é diferente. Em 2021, o preço do tomate salada longa vida 3A na Ceagesp subiu 20,6% e em 2022, o valor agregado do tomate em questão subiu 44,3%. Outra frutífera que se destacou foi a uva sem semente que, tanto em 2021 quanto em 2022, teve uma leve baixa nos preços, mas segue rentável.
Nem toda frutífera possui alto valor agregado e consequentemente, não remunera bem o produtor. Como exemplo, tem-se a banana prata anã que nos meses finais de 2021, teve o preço reduzido em 10%, assim como a demanda. Em 2022, o preço recuou ainda mais (26%) e o mesmo aconteceu com a demanda dos consumidores. Em contrapartida, várias frutíferas vêm apresentando alto valor agregado e mostrando ser cultivares promissoras, como é o caso da pitaya, mirtilo, pitanga, dentre outras.
PITAYA
A pitaya ou fruta do dragão, que nasce de um tipo de cacto, é uma fruta exótica que vem ganhando espaço no mercado brasileiro. Não há registro do total produzido no país por ano, mas existem produtores no Rio Grande do Norte, São Paulo, Paraná e outros estados brasileiros que estão apostando na produção e comercialização dessa frutífera de alto valor comercial. O custo de manejo não é alto e é possível ter uma produção relevante em pequenas áreas. Além disso, a pitaya resiste bem às variações climáticas, não necessita de defensivo agrícola e produz frutos por décadas (20 a 30 anos). Com relação ao valor de atacado, a pitaya tem um preço médio de R$4,94 por quilo, podendo chegar a R$25 por quilo no varejo.
MIRTILO
Além da pitaya, outra frutífera que vem ganhando espaço no mercado brasileiro com alto valor agregado e considerável remuneração ao produtor é o mirtilo. Para cultivar essa fruta exótica e delicada, é preciso se atentar ao solo pois precisa ser ácido e a drenagem e irrigação precisam ser boas (a planta requer de 2 a 3 litros de água por pé de mirtilo). A colheita é realizada de forma manual e a fruta não pode ser lavada pois retira a proteção natural de retenção de água. O investimento é alto, mas o retorno financeiro é mais alto ainda, ou seja, o mirtilo traz lucro ao produtor se produzido de forma adequada. O ganho por unidade cultivada é superior ao ganho de frutas e hortaliças tradicionais (preço médio negociado foi de R$55,00/kg em São Paulo entre 2016 e 2018). É importante dizer que o mercado consumidor de mirtilo tem crescido e o Brasil ainda não tem uma produção relevante, revelando assim uma oportunidade para os produtores rurais.
PITANGA
Espécie nativa do Brasil e encontrada predominantemente na Mata Atlântica, a pitanga é uma excelente opção quando o assunto é alto valor comercial e remuneração do fruticultor. Essa frutífera apresenta boa adaptabilidade a diferentes climas e solos (férteis e bem preparados, preferencialmente), frutifica duas vezes ao ano e tem demanda pelo mercado consumidor. O valor do quilo é semelhante ao preço do mirtilo e pode ser aproveitada não só por consumidores diretos e indústrias alimentícias, mas também por indústrias farmacêuticas.
MAS E O BENEFICIAMENTO DAS FRUTÍFERAS?
O Brasil avança constantemente quando o assunto é tecnologia no campo e na indústria. Os maquinários e as tecnologias geralmente predominam nas terras e fazendas de grandes produtores, enquanto que pequenos e médios produtores não encontram o mesmo auxílio. A laranja é um tipo de cultura que conta com a ajuda de uma unidade móvel de colheita e beneficiamento, como ilustra a foto abaixo:
Foto: Pedro Campaner Hernandez
Esses maquinários e tecnologias são de suma importância para produtores, trabalhadores rurais e consumidor final pois agilizam e tornam mais eficiente todo o processo de plantio, colheita e escoamento da frutífera. Como consequência, o produto chega mais fresco e com melhor qualidade ao cliente.
Outro exemplo de beneficiamento na produção de laranja, é o recebimento das caixas de campo carregadas com a fruta para posterior distribuição. Nessa etapa, a descarga pode ser feita manualmente e assim causar danos físicos às laranjas por conta do impacto. Como alternativa, esteiras automáticas podem fazer esse recebimento e assim, diminuir o impacto e possíveis acidentes que podem acontecer de forma manual.
REFERÊNCIAS:
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