Raffael da Silva Batista
Com o início do conflito entre Rússia e Ucrânia, iniciou-se uma preocupação global em relação à produção de alimentos, pois o preço dos fertilizantes estava em alta por causa do aumento do valor do gás natural. Somado a isso, a guerra apresenta uma influência sobre a redução da oferta no mercado de fertilizantes, contribuindo para a expansão ainda maior desses preços.
A Rússia é um dos principais países na produção dos nutrientes necessários para a produção de fertilizantes. Neste âmbito, há exemplos como nitrogênio, que é obtido através do gás natural muito presente no país, além disso, o fósforo e o potássio são produtos minerais presentes em abundância nas minas do território russo.
Influência do conflito na importação brasileira de fertilizantes.
O Brasil é um dos maiores países agro-exportadores do mundo, porém esta grande produção é acompanhada por uma crescente dependência pela importação de insumos agrícolas necessários para o cultivo. Entre 2015 e 2020, o consumo brasileiro de insumos importados aumentou de 70% para 83%. Além do mais, a Rússia é responsável por cerca de 28% das importações brasileiras.
Para amenizar este problema, algumas empresas tentam buscar por fornecedores alternativos de fertilizantes no mercado global. Porém há limitações relacionadas ao cronograma apertado de novos contratos, além disso, a troca de fornecedores gera custos mais elevados para os agricultores e diminui o rendimento das colheitas.
Qual reação o governo brasileiro tomou em relação aos fertilizantes?
Depois do aumento exacerbado dos preços de insumos agrícolas no território nacional, o governo federal viu-se obrigado a lançar o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF). Os objetivos desse plano são ampliar a produção nacional desses insumos, reduzindo a ampla necessidade das importações. A guerra teve uma influência direta no adiantamento do plano, que já estava pronto desde 2011.
Além disso, alguns analistas do mercado do agronegócio indagam sobre a eficiência do plano no curto prazo, pois a estimativa é reduzir a participação dos adubos importados em 45% até 2050. Deste modo, há uma contradição em relação a divulgação do plano pelo governo e sua influência no contexto atual da guerra.